Ingênuos que lêem Foucault
Heróis que empalam garotos
Toda ajuda é hipócrita
Tortura é a solução
Morte à alteridade
Aplausos histéricos à autoridade
Dos caminhos o mais curto,
o mais fácil.
Fácil?
Desde que não atrapalhe o trânsito
e que não manche de sangue
os nossos sapatos, calçadas e filhos.
E desde que não perturbe nossas refeições.
Não nos embrulhe os estômagos
com a desagradável visão desses
pretos,
pobres,
sujos e maus
garotos estraçalhados.
Quem somos nós?
Pretensa elite que goza o mundo
e que cheia de medo
assina cheques, contratos e penas.
Elite que, cheia de dentes, berra:
Paz!
Justiça!
Honra!
Basta!
Basta de tiros em nossos quintais,
de mendigos em nossas calçadas,
de malabaristas em nossas esquinas.
Paz
no asfalto
na escola
no shopping.
Paz, no morro, engatilhada
Cano ainda quente
sujo de saliva e medo.
Pobreza pacificada,
silenciada até o próximo carnaval.
Salve a liberdade burguesa,
a invisibilidade do outro,
os gritos que não descem o morro!
Um viva aos novos heróis da pátria
com seus uniformes negros!
Carrascos com carteiras assinadas.
Durmamos em paz
e deixemos pra eles a honrada missão
da manutenção desse nosso gozo infindável...
6 comentários:
Sempre admirei sua poética social, nesse não poderia ser diferente. Sim, começam o filme com uma frase de Foucault, mas ao meu ver há muito mais que tráfico de drogas por trás dessas congruências sociais. As pessoas riram, quando viram o comandante do BOPE empaular o "miserável" (no simio mais íntimo do significado). Alienados, não notam que somos empaulados todos os dias, da mesma forma, obrigados a aceitar o que nos impõe, o que nos oprime. Achei magnífico seu escrito.
Obrigado, Larissa!
por isso que te amo!
C.
Fiquei a fim de musicar... topas?
W
LINDO POEMA. O LIXO DA BURGUESIA CARIOCA ELOGIA UM FILME ESCROTO QUE RETRATA O REFORÇO DA VIOLÊNCIA AOS MAIS FRACOS. abraços.Breno
Vou trabalhar nela...
isso é uma das coisas mais fodas que eu li ultimamente. Tu é fera!
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