quinta-feira, abril 24, 2014

Pondé e a arte de "pegar mulher"



 foto: Wikipédia


Pondé, ao contrário do que você afirmou, os direitistas “pegam mulheres” sim. Mesmo porque o que não falta por aí é mulher de direita defendendo seu direito ao consumo, à futilidade e dando seu aval para o assassinato de um ou outro “pobre perigoso” que cruze seu caminho. Você como “filósofo” sabe que o problema a ser proposto é parte essencial para a construção de qualquer argumento minimamente válido. E o problema que você aborda é falso. Ao homem de direita não há falta de mulheres interessadas neles e em seus (ou, melhor, na sua falta de) valores. O problema é a falta de mulheres interessantes se interessando por eles.

E como você poderia querer que seus leitores atraíssem mulheres (ou homens) interessantes se eles são a expressão do tedioso e previsível egocentrismo liberal? Os caras aprendem com os pais que tempo é dinheiro. Depois em suas escolas direcionadas para o vestibular e em suas faculdades tecnicistas lhes é ensinado que vida é dinheiro, aparência, contatos sociais, metas pessoais, sexo, tudo é, ou deriva do, dinheiro. Aprendem, como bons liberais, que é preciso competir e passam a vida buscando enriquecer, olhando para os próprios umbigos e morrendo de medo que alguém ameace suas pequenas conquistas. 

Como esses coitados autocentrados, covardes e gananciosos poderiam chamar a atenção de mulheres ou homens interessantes? E a resposta a essa pergunta é invariavelmente fadada ao fracasso: eles buscam parecer interessantes mostrando o que têm de melhor, ou seja, seus bens materiais e sua história de sucesso profissional. Resultado: continuam dividindo suas camas e vidas com mulheres tão vazias quanto eles.

Então, de repente, o salvador dos reacionários apresenta uma proposta revolucionária: finjam que são interessantes, finjam que são de esquerda. Nas palavras do “filósofo” dos coxinhas: “fale de liberdade, do sofrimento humano, de corpo, discuta documentários”... 

A dura verdade, seguidores do Pondé, é que por mais que os direitistas estejam acostumados a adotar a impostura como modo de vida, dessa vez não vai colar. Mulheres e homens interessantes irão logo perceber que tudo isso não passa de uma maquiagem para esconder a cara feia e ressentida direitista.
Pondé, como você quer que seus leitores pareçam interessantes se você mesmo, ídolo intelectual deles, é incapaz de disfarçar sua verdadeira face rancorosa e triste. Você pensa que mulher interessante se “pega”, que só é possível fazer sexo com elas se as embebedarmos antes, que adoram ouvir um papo a respeito de se libertarem da opressão sobre os próprios corpos.

Um homem de esquerda de verdade vai atrair, e se atrair por, mulheres interessantes porque o amor é a base de qualquer revolução verdadeira. No lugar do dinheiro, a compaixão é o valor central de sua vida. Ao invés da covardia reacionária que teme qualquer mudança por medo da perda de privilégios, ele cultiva a coragem de quem quer mudanças que tragam mais justiça. Quando ele fala em libertação das mulheres em relação à opressão histórica que elas sofrem, não está recorrendo a estratégias retóricas para “comer mulher”, mas simplesmente está sendo coerente ao cobrar da sociedade respeito em relação a pessoas que ele ama e admira. 

E no final da história, enquanto os direitistas colecionam pobres e desinteressantes mulheres interesseiras, o verdadeiro esquerdista se entregará a relacionamentos enriquecedores até que um dia, se der muita sorte, encontrará A mulher com quem construirá uma história em sistema de cooperação apaixonadamente comunista.

E então, para encerrar, recorro a alguém que realmente sabe de filosofia, o esquerdista Zizek:

 “Today, passionate engagement is considered almost pathological. I think there is something subversive in saying: This is the man or woman with whom I want to stake everything.”
“This is why I was never able to do so-called one-night stands. It has to at least have a perspective of eternity.”

Mas, Pondé, sem ressentimentos, tá na cara que você não entende do assunto (relacionamentos humanos).