quinta-feira, maio 24, 2007

Liberdade

Você é livre

Para escolher

A cor das tuas cortinas

Dos teus tapetes

Dos teus cabelos

Da tua empregada

Você é livre

Para decidir se quer

Beber ou cheirar

Fumar ou injetar

Malhar ou engordar

Envelhecer ou se lipoaspirar

Comer ou dar

Corromper ou denunciar

Demitir ou humilhar

Socar ou abraçar

Você é livre

Para mudar

O canal da tua televisão

A marca do teu som

O tamanho do teu celular

Ou mesmo para determinar

Se quer versos livres ou rimar

Você é livre

Mas experimente

Distribuir e não vender

Pisar na grama e não no homem

Tentar entender

Perguntar o porquê

De comprar

De pagar

De vender

De calar

Vendo a polícia matar

O jornalista mentir

O advogado omitir

O juiz humilhar

A madame sorrir

Pelo acordo velado que a permite

Ser livre e lucrar

Você é livre?

segunda-feira, maio 07, 2007

Almas cansadas e códigos de barras


Quantas famílias sem terra custa a tonelada da soja? Quantas peles queimadas, mãos feridas e almas cansadas são necessárias para encher de álcool os tanques de alguns poucos carros? E qual a relação entre gotas de sangue e litros de gasolina nas bombas de nossos postos?

Nosso conforto custa caro.

Quantas infâncias chinesas são pisadas para que uma remessa de tênis importados chegue às nossas lojas? Quanta tristeza é preciso abrigar os olhares de garotas operárias vietnamitas para que as crianças do ocidente ganhem brindes plásticos quando comem um hambúrguer? Quantos olhos africanos precisam ser fechados pela Aids para que ganância da indústria farmacêutica seja saciada?

Quanta dor alheia vale nossa alienação?

Os preços de nossos produtos são muito mais altos do que indicam os códigos de barras. Não é preciso agir para se tornar assassino, basta o silêncio.