Com algum atraso, tive acesso a esse livro. Desde que a edição brasileira foi lançada, em 2001, eu estava com vontade de ler, mas nunca o suficiente pra gastar mais de 60 reais em um livro do Bernard-Henri Lévy. Mas, então, mês passado, eu achei um exemplar com aspecto de novo, sem uso mesmo, por 20 reais em um sebo no centro de São Paulo.
O livro é melhor do eu pensava, primeiro, porque Lévy escreve bem, o texto é fluido e agradável e as mais de 550 páginas passam muito fácil e rapidamente, segundo porque, como já sabia, a vida de Sartre é mesmo muito interessante e admirável, concorde-se ou não com suas posturas e palavras. Porém, é também um livro perigoso justamente porque Lévy é um bom escritor e sabe seduzir o leitor desinformado e levá-lo a aceitar com naturalidade suas posições e opiniões apresentadas como verdades simples. Por isso, considero que é uma boa obra somente pra quem já possui razoável leitura prévia sobre os assuntos tratados, principalmente a respeito de filosofia política.
Toda a primeira metade do livro se desenrola muito bem e até me surpreendi com um Bernard-Henri Lévy que se mostra grande admirador do que ele chama de “primeiro Sartre”, o autor de A náusea e d’O Ser e o Nada, um Sartre baseado, segundo o Lévy, em Stendhal e Espinosa, com um leve tempero de Nietzsche. O autor defende Sartre mesmo nas questões mais polêmicas de sua vida pessoal, como no caso de seu rompimento com Camus após o lançamento d’O Homem Revoltado. Não que ele ache que Sartre estivesse certo ao defender a esquerda enquanto Camus apresentava a constatação de que não se pode querer “libertar todos os homens escravizando todos, provisoriamente” (Camus, 1999, p.283), a questão é que Bernard-Henri Lévy age de maneira que eu não esperava e contextualiza historicamente a posição de Sartre, levando os leitores a compreendê-la; porém, só mais pra frente é que fui entender as reais motivações e estratégias do autor da biografia.
CAMUS, Albert. O homem revoltado. Rio de Janeiro: Record, 1999.
LÉVY, Bernard-Henri. O Século de Sartre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
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