Após uma relativamente longa pausa, volto ao blog. O problema não é a falta de temas, mas o oposto. Estou sem paz de espírito para escrever algo que não fosse um ataque, porém são tantos os alvos potenciais que fica fácil se perder. Outra dificuldade é a sensação de impotência: De que adianta um golpe quando sabemos que sua força não será suficiente para causar qualquer impacto? Este, aliás, é um dos sentimentos que mais impossibilitam a ação, e mesmo o pensamento
Vivemos tempos de pensamento único. Só que sob o disfarce de uma época de heterogeneidades de fluxos de idéias e saberes. A contradição é que o pensamento único coopta estas correntes diferenciadas de idéias e as enquadra em um de seus subgrupos. A contracultura se torna pop, o alternativo vira segmento lucrativo da indústria. Os que conseguem manter-se menos contaminados pelas idéias dominantes, se tornam outsiders, figuras periféricas vistas como párias, loucos, incompetentes, improdutivos, inadequados, irrelevantes.
Assim nasce a sensação de impotência frente a um mundo que permanece impassível aos nossos protestos, às nossas críticas, ao nosso inconformismo. Sendo assim, nossa revolta vai sendo abortada antes de tomar forma. Não chegamos a qualquer ação contestatória por não conseguirmos, muitas vezes, nem mesmo formularmos pensamentos de contestação. O desânimo nos atinge o peito e as potencialidades de idéias livres são sufocadas. As melhores mentes e os espíritos mais sensíveis de nosso tempo são empurrados para um neoniilismo, e este é um terreno instável e perigoso; berço da violência dirigida ao próximo e a si mesmo.