quarta-feira, julho 08, 2015

A gigantesca máquina paranoica



Uma gigantesca máquina paranoica é alimentada diariamente pela cultura midiática de estímulo à violência. A violência de sheherazades que amarra em postes e espanca em praça pública; a violência de datenas, rezendes e similares que “escracha” o pobre e cala diante da fome e do abandono; a violência dos pastores que quer castrar o mundo enquanto se esbalda em uma orgia de dízimos; e, principalmente, a violência de terno bem alinhado, cabelos bem penteados e tom de voz sensato e profissional que escolhe a dedo o que deve ou não ser mostrado no jornal que “todo mundo” assiste antes da novela.

E, receptiva a isso tudo, temos a nossa chamada elite - tão acostumada a fazer vista grossa para tudo o que não interessa que seja desvelado. Assim, diante das barbaridades de Cunha, optam pelo silêncio as mesmas vozes que se ergueram para apoiar a micareta verde e amarela promovida pela direita fascista e patrocinada pela grande mídia que, na avenida Paulista, pedia impeachment, volta de militares torturadores e o fim da corrupção, de Paulo Freire e do Fórum de SP.

Terceirizado, babando transgênicos pelos cantos da boca, o nosso cidadão de bem aplaude o encarceramento juvenil porque aprendeu a viver com medo e ódio. Gente pervertida que adora postar fotos fofas dos filhos enquanto se excita defendendo o assassinato de mais um “menor”.

Vontade de fugir disso tudo. Mas se for mesmo fugir, que seja uma fuga deleuzeana, ativa, revolucionária, sempre à espreita, olhar atento para qualquer arma que possa ser achada, descoberta ou inventada pelo caminho.